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ESTAS PALAVRAS SÃO DEDICADAS A TI...

"São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Eugénio de Andrade

"São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Eugénio de Andrade

ESTAS PALAVRAS SÃO DEDICADAS A TI...

28
Jul08

Empatia?

Paula Valentina
Compreender os sentimentos alheios é um dom sem preço. O segredo é a intuição, um talento que todos temos dentro de nós e que se pode treinar. Com algumas estratégias simples, indicamos-lhe o caminho a seguir para entender melhor quem a rodeia.


É um facto. Nada é tão contagioso como os sentimentos.

Por isso, há tantas sitcoms em que a gargalhada de um contagia os outros ou em que quando alguém boceja, o interesse diminui consideravelmente. É esse o motivo que nos leva a aproximar de pessoas com boas vibrações e a evi­tar pessoas com má onda. Mas as coisas não são assim tão linea­res: ter boas vibrações não é sinónimo de ser portador de senti­mentos positivos. Quem esconde de si e dos outros a dor, o des­gosto, a raiva, a vulnerabilidade não exterioriza e passa-o para os que estão à sua volta.

A razão porque é que os sentimentos são tão contagiosos é simples: os cientistas chamam-lhe empatia ou seja, uma capaci­dade inata de compreender o que os outros estão a sentir. Ao contrário do que se possa pensar, esta característica não perten­ce apenas a algumas pessoas. Todos somos capazes de sentir em­patia. A evolução deste dom ao longo do tempo leva-nos a con­cluir que ele é necessário para a sobrevivência da nossa espécie. Com efeito, a empatia fortalece a solidariedade de um grupo. E um sentimento que conduz ao intercâmbio social.



Dar ânimo a quem tem medo, consolar quem está triste, aquecer quem tem frio, acalmar quem está furioso - tudo isto são actos sociais que tendem a estabelecer a harmonia. Se isso se consegue, os sentimentos fluem livremente entre as pessoas. Infelizmente, este intercâmbio é muitas vezes impossível devi­do às barreiras que muitos de nós erguemos à nossa volta.

Sem a facilidade de intuir com segurança as necessidade dos outros, o contacto não se estabelece. Cruzamo-nos a correr uns com os outros como se fôssemos estranhos. O resultado é a so­lidão. Mas felizmente nem tudo é negativo. Se quisermos, po­demos treinar a nossa intuição. E à medida que vamos com­preendendo automaticamente os sinais reveladores dos senti­mentos dos que nos cercam, somos capazes de os partilhar.

Tentar compreender os sentimentos dos outros é apenas uma das formas de estabelecer uma boa relação. A outra, não menos importante, é mergulhar dentro de nós próprios. Só quando com­preendermos claramente a nossa vida interior, poderemos ter a imagem de quem realmente somos. Só então os outros terão a possibilidade de compreender os nossos sentimentos.

Aprender a ler os sinais

Ajudar o outro a sair da sua concha é o grande segredo de qualquer relação bem sucedida. Seja ela profissional ou amorosa.




Quem esconde de si e dos outros dor, desgosto, raiva e vulnerabilidade não exterioriza o que sente, passando essas más vibrações para os que estão à sua volta.




Com quem nos podemos identifi­car facilmente? Esta questão nem sempre tem a resposta que gosta­ríamos. Fazemo-lo com mais facilidade com as crianças, que ainda não sabem dissimular. Os seus sentimentos espe­lham-se claramente nos seus rostos e as suas atitudes são geralmente claras. Por isso, as relações com elas são mais fáceis.
Compreender verdadeiramente um adulto é, pelo contrário, um caminho penoso. O que exteriorizamos não está necessariamente de acordo com o que verdadeiramente sentimos.

Por isso observamos, por exemplo, numa festa, uma mulher que furta agres­sivamente com todos os homens. Qual é o nosso veredicto? Que ela procura de-sesperadamente afirmar-se porque a sua auto-estima está em baixa? Que acabou uma relação, está carente e por isso é tão escandalosamente insistente?

O mais certo é que a atitude dela não tenha nada a ver com os homens que ela eroticamente persegue. Talvez apenas procure provocar ciúmes no parceiro que a tratou toda a noite como se ela fosse transparente.

Talvez você tenha mais facilidade em dectectar o desespero que se esconde atrás destes sinais. Provavelmente porque viveu uma experiência semelhante. Mas, acima de tudo, porque pensou sobre is­so de uma forma madura. Se você já sen­tiu dificuldade em fragilizar-se diante dos outros, saberá dectectar nos outros o



mesmo tipo de receios. A maioria das pes­soas tem tanto medo do julgamento dos outros que, em vez de se aproximar, afas­ta-se, disfarçando o que realmente sente. Se estiver realmente interessada em per­ceber as pessoas que estão à sua volta, dê o primeiro passo. Exponha-se de uma for­ma clara, sem receios. Não há nada assim de tão terrível que lhe possa acontecer. Ao fazê-lo, dará coragem aos outros. Sair do esconderijo é o grande e único segre­do de todas as relações. Sejam elas pro­fissionais, sociais ou amorosas.




Enfrentar os sentimentos contraditórios

Quem os partilha e discute com os outros pode resolver melhor os seus próprios problemas. Porque, na verdade, todos os temos.




Todos temos sentimentos contraditórios: o desejo de dar e a angústia da rejeição; a ânsia de ser compreendido e o medo do ridículo; o desejo de proximidade e o pavor de que a nossa intimidade seja invadida.
O problema é que se se mostra um lado e se esconde o ou­tro, ninguém vai perceber nada de nós. Aos outros chega uma desconcertante mistura de diferentes mensagens. É, portanto, provável que fiquem com uma imagem distorcida a nosso res­peito. Se o desejo de dar deixa transparecer o monstro que atrás dele se esconde é como se apanhássemos um duche frio. Se nos magoamos com as indirectas que os que nos rodeiam nos lançam, denunciamo-nos como hipersensíveis e não nos livramos daquilo que nos faz esconder: o sofrimento.

A verdade é que nunca se sabe quem é realmente a pessoa que está junto de nós. Uma relação séria pode ficar comple-tamente boicotada, mesmo que não seja essa a nossa verda­deira intenção. Seria muito mais saudável que não nos violen­tássemos tanto nem nos enchêssemos com sentimentos, por vezes, tão contraditórios.




É uma ilusão acreditar que as nossas contradições desapare­cem magicamente. É preciso agir. O que nem sempre é fácil. Mas é provavelmente a única maneira de nos podermos liber­tar e sentir melhor.

Quando as nossas contradições nos provocam um mau es­tar violento, a psicoterapia pode-nos ajudar a libertar dessa enorme angústia. As indecisões da alma podem fazer parte do nosso carácter, mas isso não significa nenhuma sentença. A terapia é muitas vezes a única solução para que os senti­mentos antagónicos não nos tornem em pessoas profunda­mente neuróticas.

Não ter medo de comunicar e conseguir partilhar as nossas contradições honestamente pode provocar um pequeno mila­gre: de repente podemos compreender os nossos sentimentos e os dos outros e resolver situações que à primeira vista pare­ciam estar condenadas ao fracasso.

Se temos a consciência das contradições dos outros, só te­
mos uma saída: tentar viabilizar a comunicação. Só assim o en­tendimento é possível.



Determinar o ponto fraco (comece pelo seu!)

Se identificar as suas imperfeições, mais facilmente aceitará as dos outros. Ser tolerante é indispensável para uma boa relação.




Gostarmos dos outros exige uma grande dose de respeito, vontade e muita compreensão. Aprender a ser tolerante, ajuda-nos a gostar melhor.




Quando os casais têm problemas é frequente entrarem num círculo vicioso. Com a ideia fixa de ten­tar adivinhar o que se passa com o outro, esquecem-se de perceber o que é que os magoou. E vice-versa. Resultado: perse-guem-se um ao outro sem nunca se en­contrarem. Quanto mais estreita é a re­lação, maior é a culpa pela discórdia que agora os faz sofrer.
Saída para o dilema: um deles fala so­bre si próprio e os seus pensamentos. Única condição: falar sobre a atitude do parceiro é tabu, assim como as suspeitas sobre a sua disposição interior. Só são permitidas expressões como: «Quando dissestes que..., senti-me muito magoa­da». É proibido dizer: «Porque tu disses­tes que ..,». Cada censura põe o outro na defensiva, a zanga aumenta e nada se re­solve. Lembre-se que em alturas de crise é fundamental ter a noção daquilo que



os une, mas também é necessário ter a capacidade de dizer o que é que a ma­goou, sem receios de expressar as suas fragilidades. Só assim dará ao seu parcei­ro a oportunidade de conhecer os seus pontos mais sensíveis. V; •••<

Tolere os pontos fracos dos outros

Em alguns é a vaidade. Não ser atraente é para eles a pior das doenças. Noutros é o medo de perder o controlo. Se não dis­põem de todas as informações que con­sideram importantes para uma determi­nada situação, ficam nervosos. E o seu ponto fraco? Qual é? Será bom que o sai­ba, pois conhecendo-o pode mais facil­mente avaliar o grau de dificuldade que terá em o ultrapassar.

Determinar o ponto fraco dos outros nem sempre é fácil. Com impiedosa obs­tinação - que naturalmente imputamos aos outros -, recusamo-nos a admitir que



sejam assim tão diferentes dos nossos.

Irrita-nos que os outros não nos per­cebam automaticamente, da mesma for­ma que nos angustia o nosso desconhe­cimento face aos sentimentos do outro. De factos somos todos muito diferentes. É preciso saber aceitar as características que nos tornam absolutamente únicos.

As razões que determinam que a segu­rança ou o perfeccionismo sejam pontos fundamentais para alguns de nós variam de pessoa para pessoa. E, em alguns ca­sos, essas necessidades não são tão facil­mente explicáveis como gostaríamos.

Aceitar as pessoas como elas são, com as suas características, as suas qualidades e defeitos, é essencial para que as re­lações sejam harmoniosas.

Gostarmos dos outros, exige uma grande dose de respeito, vontade e mui­ta compreensão. Aprender a ser tole­rante ajuda-nos a gostar melhor.

E se já todos sabemos que a qualida­de dos afectos depende da forma como investimos em nós e nos outros, é ne­cessário estarmos permanentemente atentos. Algumas distracções podem ser fatais. Transformar as crises em oportu­nidades de mudança e de crescimento está nas suas mãos. Experimente. Verá que vai valer a pena.




Lidar com as discrepâncias

Nem sempre se diz ou mostra o que se pensa ou sente. Para perceber isso nos outros, comece por fazer uma auto-análise.




Sabemos mais sobre os outros (e sobre nós próprios) do que julgamos. Há momentos em que ouvimos uma úni­ca afirmação sobre um assunto e rapidamente chegamos a uma conclusão. O que queria ele dizer quando me prome­teu que telefonaria nos próximos dias? Foi uma promessa a sé­rio ou queria apenas livrar-se de mim? Mas especular não con­tribui em nada para nos esclarecer.
Conseguimos sentir a verdade se formos bons observadores. Os olhos dele riram-se quando disse que lhe ligava? Ou, pelo contrário, desviou o olhar? Enquanto falava, aproximou-se ou afastou-se ligeiramente de si? E o seu tom de voz tornou-se mais quente ou mais frio? Estes são sinais, quase imperceptíveis, que ficam gravados na nossa memória mesmo sem nos darmos con­ta. Os nossos sentimentos, mais do que a nossa razão, registam a mais pequena divergência entre o que uma pessoa diz e faz



e, portanto, o que ela sente e pensa. Muitas vezes, existem dis­crepâncias mínimas entre o que se pensa e o que se diz. Todos nós temos um bom ouvido para detectar essas dissonâncias. Po­rém, nem sempre ouvimos a nossa voz interior. Acabamos mes­mo por ficar surdos. E, no entanto, essa voz reflecte-se no nos­so comportamento: sentimo-nos tensos, indispostos, entedia­dos, perturbados ou cansados, sem sabermos porquê. Apenas sentimos que estar naquele sítio, com aquelas pessoas, não nos dá prazer e causa-nos mau estar.

Para nos culparmos ou nos isentarmos da culpa de um blo­queio de comunicação, basta uma simples pergunta: sentimo--nos assim em situações equivalentes? Se a resposta é sim, fica­mos a saber que em determinadas circunstâncias não conse­guimos mostrar aos outros o que se passa dentro de nós, transformando o nosso desconforto num mau estar desviado.


perquntas para saber se as suas fantenas" funcionam a 100%

Faça este teste e verifique se capta bem os sentimentos dos outros. Estar em sintonia com o resto do mundo é um dom sem preço.



A empatia pode e deve ser estimulada. A identifi­cação e a disponibilidade para se compreender a si e aos outros são fontes de harmonia.




A


empatia é uma característica que nos pode ajudar a fazer uma avaliação mais rápida dos sentimentos. Quando nos preocupa­mos com os outros, as nossas reacções revelam-no de imediato e estabelece-se uma aproximação rápida. E quanto às "antenas" deles? Estarão em sintonia com as dos outros?

yi Pensa muitas vezes e longamente no l que se passa com os outros. El É verdade.

0 É diferente de caso para caso. B Não. A maior parte das vezes sei lo­go o que se passa. Eles nem precisam de dizer nada.

2


Travar amizade é, na sua opinião, sempre o melhor método de conhe­cer as pessoas? El É verdade.

Q Alguma vezes sim, outras não. B Não é verdade.





3


Quando você se engana sobre a atitude de uma pessoa que lhe é próxima... El Medita em primeiro lugar sobre o motivo dessa estranha atitude antes de lhe perguntar directamente. El Tenta acabar a relação o mais de­pressa possível ou, na melhor das hipóteses, faz outra tentativa. B Fala imediata e directamente sobre o que lhe pareceu esquisito.

a Quando uma amiga tem graves pro-*t blemas sentimentais... a Cancela todos os compromissos para estar com ela o mais depressa possível.



Q Procura animá-la. Telefona-lhe várias vezes ou dá-lhe um presente. B Pergunta-lhe o que pode fazer por ela naquele momento.

5


Quando quer perceber o que está a acontecer com outra pessoa e ela não fala sobre o assunto... El Convida-a a contar o que se está a passar e fá-la compreender que acaba­rá por se sentir melhor. Dl Diz-lhe que ficará magoada se ela não confiar em si.

B Pede-lhe simplesmente que lhe con­te tudo sobre ela própria.



Resultados do teste








Pelo menos duas respostas El

Você ocupa-se intensamente da vida interior dos outros. A sua estratégia preferida para compreender o que se pas­sa com eles é interpretação. Sobre alguns pontos de re­ferência constrói histórias plausíveis. As outras pessoas acharão as suas interpretações muitas vezes subjectivas, o que é verdade. Também poderão sentir que revelaram muito da sua intimidade sem que você tenha verbalizado os seus pensamentos. Ocupe-se menos dos sentimentos dos outros e mais dos seus.

Pelo menos duas respostas 0

As suas antenas estão melhor sintonizadas para os senti­mentos dos outros do que para os seus. Regista como um sismógrafo todas as vibrações que pairam no ar. Defen-



de-se automaticamente da maré de sentimentos negati­vos contra os quais está impermeabilizada. Por isso é, por vezes, um pouco ríspida. Não quer deixar-se envolver de­masiado pêlos sentimentos dos outros, mas sim perceber melhor os seus próprios sentimentos.

Pelo menos duas respostas B

A empatia não é o seu ponto forte. Por um lado, não so-
brevaloriza as suas capacidades, o que a leva a não con­
siderar os outros como livros abertos. Por outro lado, sa­
be que os seus próprios sentimentos não a abandonarão,
se, algures, a deslealdade estiver em jogo. E pode sem­
pre apoiar-se neles sem se tornar "penetrante" de mais.
Mais ainda: é 100% tolerante com os outros, mesmo que
eles a desiludam. • B.S.

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