28
Jul08
Empatia?
Paula Valentina
Compreender os sentimentos alheios é um dom sem preço. O segredo é a intuição, um talento que todos temos dentro de nós e que se pode treinar. Com algumas estratégias simples, indicamos-lhe o caminho a seguir para entender melhor quem a rodeia.
É um facto. Nada é tão contagioso como os sentimentos.
Por isso, há tantas sitcoms em que a gargalhada de um contagia os outros ou em que quando alguém boceja, o interesse diminui consideravelmente. É esse o motivo que nos leva a aproximar de pessoas com boas vibrações e a evitar pessoas com má onda. Mas as coisas não são assim tão lineares: ter boas vibrações não é sinónimo de ser portador de sentimentos positivos. Quem esconde de si e dos outros a dor, o desgosto, a raiva, a vulnerabilidade não exterioriza e passa-o para os que estão à sua volta.
A razão porque é que os sentimentos são tão contagiosos é simples: os cientistas chamam-lhe empatia ou seja, uma capacidade inata de compreender o que os outros estão a sentir. Ao contrário do que se possa pensar, esta característica não pertence apenas a algumas pessoas. Todos somos capazes de sentir empatia. A evolução deste dom ao longo do tempo leva-nos a concluir que ele é necessário para a sobrevivência da nossa espécie. Com efeito, a empatia fortalece a solidariedade de um grupo. E um sentimento que conduz ao intercâmbio social.
Dar ânimo a quem tem medo, consolar quem está triste, aquecer quem tem frio, acalmar quem está furioso - tudo isto são actos sociais que tendem a estabelecer a harmonia. Se isso se consegue, os sentimentos fluem livremente entre as pessoas. Infelizmente, este intercâmbio é muitas vezes impossível devido às barreiras que muitos de nós erguemos à nossa volta.
Sem a facilidade de intuir com segurança as necessidade dos outros, o contacto não se estabelece. Cruzamo-nos a correr uns com os outros como se fôssemos estranhos. O resultado é a solidão. Mas felizmente nem tudo é negativo. Se quisermos, podemos treinar a nossa intuição. E à medida que vamos compreendendo automaticamente os sinais reveladores dos sentimentos dos que nos cercam, somos capazes de os partilhar.
Tentar compreender os sentimentos dos outros é apenas uma das formas de estabelecer uma boa relação. A outra, não menos importante, é mergulhar dentro de nós próprios. Só quando compreendermos claramente a nossa vida interior, poderemos ter a imagem de quem realmente somos. Só então os outros terão a possibilidade de compreender os nossos sentimentos.
Aprender a ler os sinais
Ajudar o outro a sair da sua concha é o grande segredo de qualquer relação bem sucedida. Seja ela profissional ou amorosa.
Quem esconde de si e dos outros dor, desgosto, raiva e vulnerabilidade não exterioriza o que sente, passando essas más vibrações para os que estão à sua volta.
Com quem nos podemos identificar facilmente? Esta questão nem sempre tem a resposta que gostaríamos. Fazemo-lo com mais facilidade com as crianças, que ainda não sabem dissimular. Os seus sentimentos espelham-se claramente nos seus rostos e as suas atitudes são geralmente claras. Por isso, as relações com elas são mais fáceis.
Compreender verdadeiramente um adulto é, pelo contrário, um caminho penoso. O que exteriorizamos não está necessariamente de acordo com o que verdadeiramente sentimos.
Por isso observamos, por exemplo, numa festa, uma mulher que furta agressivamente com todos os homens. Qual é o nosso veredicto? Que ela procura de-sesperadamente afirmar-se porque a sua auto-estima está em baixa? Que acabou uma relação, está carente e por isso é tão escandalosamente insistente?
O mais certo é que a atitude dela não tenha nada a ver com os homens que ela eroticamente persegue. Talvez apenas procure provocar ciúmes no parceiro que a tratou toda a noite como se ela fosse transparente.
Talvez você tenha mais facilidade em dectectar o desespero que se esconde atrás destes sinais. Provavelmente porque viveu uma experiência semelhante. Mas, acima de tudo, porque pensou sobre isso de uma forma madura. Se você já sentiu dificuldade em fragilizar-se diante dos outros, saberá dectectar nos outros o
mesmo tipo de receios. A maioria das pessoas tem tanto medo do julgamento dos outros que, em vez de se aproximar, afasta-se, disfarçando o que realmente sente. Se estiver realmente interessada em perceber as pessoas que estão à sua volta, dê o primeiro passo. Exponha-se de uma forma clara, sem receios. Não há nada assim de tão terrível que lhe possa acontecer. Ao fazê-lo, dará coragem aos outros. Sair do esconderijo é o grande e único segredo de todas as relações. Sejam elas profissionais, sociais ou amorosas.
Enfrentar os sentimentos contraditórios
Quem os partilha e discute com os outros pode resolver melhor os seus próprios problemas. Porque, na verdade, todos os temos.
Todos temos sentimentos contraditórios: o desejo de dar e a angústia da rejeição; a ânsia de ser compreendido e o medo do ridículo; o desejo de proximidade e o pavor de que a nossa intimidade seja invadida.
O problema é que se se mostra um lado e se esconde o outro, ninguém vai perceber nada de nós. Aos outros chega uma desconcertante mistura de diferentes mensagens. É, portanto, provável que fiquem com uma imagem distorcida a nosso respeito. Se o desejo de dar deixa transparecer o monstro que atrás dele se esconde é como se apanhássemos um duche frio. Se nos magoamos com as indirectas que os que nos rodeiam nos lançam, denunciamo-nos como hipersensíveis e não nos livramos daquilo que nos faz esconder: o sofrimento.
A verdade é que nunca se sabe quem é realmente a pessoa que está junto de nós. Uma relação séria pode ficar comple-tamente boicotada, mesmo que não seja essa a nossa verdadeira intenção. Seria muito mais saudável que não nos violentássemos tanto nem nos enchêssemos com sentimentos, por vezes, tão contraditórios.
É uma ilusão acreditar que as nossas contradições desaparecem magicamente. É preciso agir. O que nem sempre é fácil. Mas é provavelmente a única maneira de nos podermos libertar e sentir melhor.
Quando as nossas contradições nos provocam um mau estar violento, a psicoterapia pode-nos ajudar a libertar dessa enorme angústia. As indecisões da alma podem fazer parte do nosso carácter, mas isso não significa nenhuma sentença. A terapia é muitas vezes a única solução para que os sentimentos antagónicos não nos tornem em pessoas profundamente neuróticas.
Não ter medo de comunicar e conseguir partilhar as nossas contradições honestamente pode provocar um pequeno milagre: de repente podemos compreender os nossos sentimentos e os dos outros e resolver situações que à primeira vista pareciam estar condenadas ao fracasso.
Se temos a consciência das contradições dos outros, só te
mos uma saída: tentar viabilizar a comunicação. Só assim o entendimento é possível.
Determinar o ponto fraco (comece pelo seu!)
Se identificar as suas imperfeições, mais facilmente aceitará as dos outros. Ser tolerante é indispensável para uma boa relação.
Gostarmos dos outros exige uma grande dose de respeito, vontade e muita compreensão. Aprender a ser tolerante, ajuda-nos a gostar melhor.
Quando os casais têm problemas é frequente entrarem num círculo vicioso. Com a ideia fixa de tentar adivinhar o que se passa com o outro, esquecem-se de perceber o que é que os magoou. E vice-versa. Resultado: perse-guem-se um ao outro sem nunca se encontrarem. Quanto mais estreita é a relação, maior é a culpa pela discórdia que agora os faz sofrer.
Saída para o dilema: um deles fala sobre si próprio e os seus pensamentos. Única condição: falar sobre a atitude do parceiro é tabu, assim como as suspeitas sobre a sua disposição interior. Só são permitidas expressões como: «Quando dissestes que..., senti-me muito magoada». É proibido dizer: «Porque tu dissestes que ..,». Cada censura põe o outro na defensiva, a zanga aumenta e nada se resolve. Lembre-se que em alturas de crise é fundamental ter a noção daquilo que
os une, mas também é necessário ter a capacidade de dizer o que é que a magoou, sem receios de expressar as suas fragilidades. Só assim dará ao seu parceiro a oportunidade de conhecer os seus pontos mais sensíveis. V; <
Tolere os pontos fracos dos outros
Em alguns é a vaidade. Não ser atraente é para eles a pior das doenças. Noutros é o medo de perder o controlo. Se não dispõem de todas as informações que consideram importantes para uma determinada situação, ficam nervosos. E o seu ponto fraco? Qual é? Será bom que o saiba, pois conhecendo-o pode mais facilmente avaliar o grau de dificuldade que terá em o ultrapassar.
Determinar o ponto fraco dos outros nem sempre é fácil. Com impiedosa obstinação - que naturalmente imputamos aos outros -, recusamo-nos a admitir que
sejam assim tão diferentes dos nossos.
Irrita-nos que os outros não nos percebam automaticamente, da mesma forma que nos angustia o nosso desconhecimento face aos sentimentos do outro. De factos somos todos muito diferentes. É preciso saber aceitar as características que nos tornam absolutamente únicos.
As razões que determinam que a segurança ou o perfeccionismo sejam pontos fundamentais para alguns de nós variam de pessoa para pessoa. E, em alguns casos, essas necessidades não são tão facilmente explicáveis como gostaríamos.
Aceitar as pessoas como elas são, com as suas características, as suas qualidades e defeitos, é essencial para que as relações sejam harmoniosas.
Gostarmos dos outros, exige uma grande dose de respeito, vontade e muita compreensão. Aprender a ser tolerante ajuda-nos a gostar melhor.
E se já todos sabemos que a qualidade dos afectos depende da forma como investimos em nós e nos outros, é necessário estarmos permanentemente atentos. Algumas distracções podem ser fatais. Transformar as crises em oportunidades de mudança e de crescimento está nas suas mãos. Experimente. Verá que vai valer a pena.
Lidar com as discrepâncias
Nem sempre se diz ou mostra o que se pensa ou sente. Para perceber isso nos outros, comece por fazer uma auto-análise.
Sabemos mais sobre os outros (e sobre nós próprios) do que julgamos. Há momentos em que ouvimos uma única afirmação sobre um assunto e rapidamente chegamos a uma conclusão. O que queria ele dizer quando me prometeu que telefonaria nos próximos dias? Foi uma promessa a sério ou queria apenas livrar-se de mim? Mas especular não contribui em nada para nos esclarecer.
Conseguimos sentir a verdade se formos bons observadores. Os olhos dele riram-se quando disse que lhe ligava? Ou, pelo contrário, desviou o olhar? Enquanto falava, aproximou-se ou afastou-se ligeiramente de si? E o seu tom de voz tornou-se mais quente ou mais frio? Estes são sinais, quase imperceptíveis, que ficam gravados na nossa memória mesmo sem nos darmos conta. Os nossos sentimentos, mais do que a nossa razão, registam a mais pequena divergência entre o que uma pessoa diz e faz
e, portanto, o que ela sente e pensa. Muitas vezes, existem discrepâncias mínimas entre o que se pensa e o que se diz. Todos nós temos um bom ouvido para detectar essas dissonâncias. Porém, nem sempre ouvimos a nossa voz interior. Acabamos mesmo por ficar surdos. E, no entanto, essa voz reflecte-se no nosso comportamento: sentimo-nos tensos, indispostos, entediados, perturbados ou cansados, sem sabermos porquê. Apenas sentimos que estar naquele sítio, com aquelas pessoas, não nos dá prazer e causa-nos mau estar.
Para nos culparmos ou nos isentarmos da culpa de um bloqueio de comunicação, basta uma simples pergunta: sentimo--nos assim em situações equivalentes? Se a resposta é sim, ficamos a saber que em determinadas circunstâncias não conseguimos mostrar aos outros o que se passa dentro de nós, transformando o nosso desconforto num mau estar desviado.
perquntas para saber se as suas fantenas" funcionam a 100%
Faça este teste e verifique se capta bem os sentimentos dos outros. Estar em sintonia com o resto do mundo é um dom sem preço.
A empatia pode e deve ser estimulada. A identificação e a disponibilidade para se compreender a si e aos outros são fontes de harmonia.
A
empatia é uma característica que nos pode ajudar a fazer uma avaliação mais rápida dos sentimentos. Quando nos preocupamos com os outros, as nossas reacções revelam-no de imediato e estabelece-se uma aproximação rápida. E quanto às "antenas" deles? Estarão em sintonia com as dos outros?
yi Pensa muitas vezes e longamente no l que se passa com os outros. El É verdade.
0 É diferente de caso para caso. B Não. A maior parte das vezes sei logo o que se passa. Eles nem precisam de dizer nada.
2
Travar amizade é, na sua opinião, sempre o melhor método de conhecer as pessoas? El É verdade.
Q Alguma vezes sim, outras não. B Não é verdade.
3
Quando você se engana sobre a atitude de uma pessoa que lhe é próxima... El Medita em primeiro lugar sobre o motivo dessa estranha atitude antes de lhe perguntar directamente. El Tenta acabar a relação o mais depressa possível ou, na melhor das hipóteses, faz outra tentativa. B Fala imediata e directamente sobre o que lhe pareceu esquisito.
a Quando uma amiga tem graves pro-*t blemas sentimentais... a Cancela todos os compromissos para estar com ela o mais depressa possível.
Q Procura animá-la. Telefona-lhe várias vezes ou dá-lhe um presente. B Pergunta-lhe o que pode fazer por ela naquele momento.
5
Quando quer perceber o que está a acontecer com outra pessoa e ela não fala sobre o assunto... El Convida-a a contar o que se está a passar e fá-la compreender que acabará por se sentir melhor. Dl Diz-lhe que ficará magoada se ela não confiar em si.
B Pede-lhe simplesmente que lhe conte tudo sobre ela própria.
Resultados do teste
Pelo menos duas respostas El
Você ocupa-se intensamente da vida interior dos outros. A sua estratégia preferida para compreender o que se passa com eles é interpretação. Sobre alguns pontos de referência constrói histórias plausíveis. As outras pessoas acharão as suas interpretações muitas vezes subjectivas, o que é verdade. Também poderão sentir que revelaram muito da sua intimidade sem que você tenha verbalizado os seus pensamentos. Ocupe-se menos dos sentimentos dos outros e mais dos seus.
Pelo menos duas respostas 0
As suas antenas estão melhor sintonizadas para os sentimentos dos outros do que para os seus. Regista como um sismógrafo todas as vibrações que pairam no ar. Defen-
de-se automaticamente da maré de sentimentos negativos contra os quais está impermeabilizada. Por isso é, por vezes, um pouco ríspida. Não quer deixar-se envolver demasiado pêlos sentimentos dos outros, mas sim perceber melhor os seus próprios sentimentos.
Pelo menos duas respostas B
A empatia não é o seu ponto forte. Por um lado, não so-
brevaloriza as suas capacidades, o que a leva a não con
siderar os outros como livros abertos. Por outro lado, sa
be que os seus próprios sentimentos não a abandonarão,
se, algures, a deslealdade estiver em jogo. E pode sem
pre apoiar-se neles sem se tornar "penetrante" de mais.
Mais ainda: é 100% tolerante com os outros, mesmo que
eles a desiludam. B.S.
É um facto. Nada é tão contagioso como os sentimentos.
Por isso, há tantas sitcoms em que a gargalhada de um contagia os outros ou em que quando alguém boceja, o interesse diminui consideravelmente. É esse o motivo que nos leva a aproximar de pessoas com boas vibrações e a evitar pessoas com má onda. Mas as coisas não são assim tão lineares: ter boas vibrações não é sinónimo de ser portador de sentimentos positivos. Quem esconde de si e dos outros a dor, o desgosto, a raiva, a vulnerabilidade não exterioriza e passa-o para os que estão à sua volta.
A razão porque é que os sentimentos são tão contagiosos é simples: os cientistas chamam-lhe empatia ou seja, uma capacidade inata de compreender o que os outros estão a sentir. Ao contrário do que se possa pensar, esta característica não pertence apenas a algumas pessoas. Todos somos capazes de sentir empatia. A evolução deste dom ao longo do tempo leva-nos a concluir que ele é necessário para a sobrevivência da nossa espécie. Com efeito, a empatia fortalece a solidariedade de um grupo. E um sentimento que conduz ao intercâmbio social.
Dar ânimo a quem tem medo, consolar quem está triste, aquecer quem tem frio, acalmar quem está furioso - tudo isto são actos sociais que tendem a estabelecer a harmonia. Se isso se consegue, os sentimentos fluem livremente entre as pessoas. Infelizmente, este intercâmbio é muitas vezes impossível devido às barreiras que muitos de nós erguemos à nossa volta.
Sem a facilidade de intuir com segurança as necessidade dos outros, o contacto não se estabelece. Cruzamo-nos a correr uns com os outros como se fôssemos estranhos. O resultado é a solidão. Mas felizmente nem tudo é negativo. Se quisermos, podemos treinar a nossa intuição. E à medida que vamos compreendendo automaticamente os sinais reveladores dos sentimentos dos que nos cercam, somos capazes de os partilhar.
Tentar compreender os sentimentos dos outros é apenas uma das formas de estabelecer uma boa relação. A outra, não menos importante, é mergulhar dentro de nós próprios. Só quando compreendermos claramente a nossa vida interior, poderemos ter a imagem de quem realmente somos. Só então os outros terão a possibilidade de compreender os nossos sentimentos.
Aprender a ler os sinais
Ajudar o outro a sair da sua concha é o grande segredo de qualquer relação bem sucedida. Seja ela profissional ou amorosa.
Quem esconde de si e dos outros dor, desgosto, raiva e vulnerabilidade não exterioriza o que sente, passando essas más vibrações para os que estão à sua volta.
Com quem nos podemos identificar facilmente? Esta questão nem sempre tem a resposta que gostaríamos. Fazemo-lo com mais facilidade com as crianças, que ainda não sabem dissimular. Os seus sentimentos espelham-se claramente nos seus rostos e as suas atitudes são geralmente claras. Por isso, as relações com elas são mais fáceis.
Compreender verdadeiramente um adulto é, pelo contrário, um caminho penoso. O que exteriorizamos não está necessariamente de acordo com o que verdadeiramente sentimos.
Por isso observamos, por exemplo, numa festa, uma mulher que furta agressivamente com todos os homens. Qual é o nosso veredicto? Que ela procura de-sesperadamente afirmar-se porque a sua auto-estima está em baixa? Que acabou uma relação, está carente e por isso é tão escandalosamente insistente?
O mais certo é que a atitude dela não tenha nada a ver com os homens que ela eroticamente persegue. Talvez apenas procure provocar ciúmes no parceiro que a tratou toda a noite como se ela fosse transparente.
Talvez você tenha mais facilidade em dectectar o desespero que se esconde atrás destes sinais. Provavelmente porque viveu uma experiência semelhante. Mas, acima de tudo, porque pensou sobre isso de uma forma madura. Se você já sentiu dificuldade em fragilizar-se diante dos outros, saberá dectectar nos outros o
mesmo tipo de receios. A maioria das pessoas tem tanto medo do julgamento dos outros que, em vez de se aproximar, afasta-se, disfarçando o que realmente sente. Se estiver realmente interessada em perceber as pessoas que estão à sua volta, dê o primeiro passo. Exponha-se de uma forma clara, sem receios. Não há nada assim de tão terrível que lhe possa acontecer. Ao fazê-lo, dará coragem aos outros. Sair do esconderijo é o grande e único segredo de todas as relações. Sejam elas profissionais, sociais ou amorosas.
Enfrentar os sentimentos contraditórios
Quem os partilha e discute com os outros pode resolver melhor os seus próprios problemas. Porque, na verdade, todos os temos.
Todos temos sentimentos contraditórios: o desejo de dar e a angústia da rejeição; a ânsia de ser compreendido e o medo do ridículo; o desejo de proximidade e o pavor de que a nossa intimidade seja invadida.
O problema é que se se mostra um lado e se esconde o outro, ninguém vai perceber nada de nós. Aos outros chega uma desconcertante mistura de diferentes mensagens. É, portanto, provável que fiquem com uma imagem distorcida a nosso respeito. Se o desejo de dar deixa transparecer o monstro que atrás dele se esconde é como se apanhássemos um duche frio. Se nos magoamos com as indirectas que os que nos rodeiam nos lançam, denunciamo-nos como hipersensíveis e não nos livramos daquilo que nos faz esconder: o sofrimento.
A verdade é que nunca se sabe quem é realmente a pessoa que está junto de nós. Uma relação séria pode ficar comple-tamente boicotada, mesmo que não seja essa a nossa verdadeira intenção. Seria muito mais saudável que não nos violentássemos tanto nem nos enchêssemos com sentimentos, por vezes, tão contraditórios.
É uma ilusão acreditar que as nossas contradições desaparecem magicamente. É preciso agir. O que nem sempre é fácil. Mas é provavelmente a única maneira de nos podermos libertar e sentir melhor.
Quando as nossas contradições nos provocam um mau estar violento, a psicoterapia pode-nos ajudar a libertar dessa enorme angústia. As indecisões da alma podem fazer parte do nosso carácter, mas isso não significa nenhuma sentença. A terapia é muitas vezes a única solução para que os sentimentos antagónicos não nos tornem em pessoas profundamente neuróticas.
Não ter medo de comunicar e conseguir partilhar as nossas contradições honestamente pode provocar um pequeno milagre: de repente podemos compreender os nossos sentimentos e os dos outros e resolver situações que à primeira vista pareciam estar condenadas ao fracasso.
Se temos a consciência das contradições dos outros, só te
mos uma saída: tentar viabilizar a comunicação. Só assim o entendimento é possível.
Determinar o ponto fraco (comece pelo seu!)
Se identificar as suas imperfeições, mais facilmente aceitará as dos outros. Ser tolerante é indispensável para uma boa relação.
Gostarmos dos outros exige uma grande dose de respeito, vontade e muita compreensão. Aprender a ser tolerante, ajuda-nos a gostar melhor.
Quando os casais têm problemas é frequente entrarem num círculo vicioso. Com a ideia fixa de tentar adivinhar o que se passa com o outro, esquecem-se de perceber o que é que os magoou. E vice-versa. Resultado: perse-guem-se um ao outro sem nunca se encontrarem. Quanto mais estreita é a relação, maior é a culpa pela discórdia que agora os faz sofrer.
Saída para o dilema: um deles fala sobre si próprio e os seus pensamentos. Única condição: falar sobre a atitude do parceiro é tabu, assim como as suspeitas sobre a sua disposição interior. Só são permitidas expressões como: «Quando dissestes que..., senti-me muito magoada». É proibido dizer: «Porque tu dissestes que ..,». Cada censura põe o outro na defensiva, a zanga aumenta e nada se resolve. Lembre-se que em alturas de crise é fundamental ter a noção daquilo que
os une, mas também é necessário ter a capacidade de dizer o que é que a magoou, sem receios de expressar as suas fragilidades. Só assim dará ao seu parceiro a oportunidade de conhecer os seus pontos mais sensíveis. V; <
Tolere os pontos fracos dos outros
Em alguns é a vaidade. Não ser atraente é para eles a pior das doenças. Noutros é o medo de perder o controlo. Se não dispõem de todas as informações que consideram importantes para uma determinada situação, ficam nervosos. E o seu ponto fraco? Qual é? Será bom que o saiba, pois conhecendo-o pode mais facilmente avaliar o grau de dificuldade que terá em o ultrapassar.
Determinar o ponto fraco dos outros nem sempre é fácil. Com impiedosa obstinação - que naturalmente imputamos aos outros -, recusamo-nos a admitir que
sejam assim tão diferentes dos nossos.
Irrita-nos que os outros não nos percebam automaticamente, da mesma forma que nos angustia o nosso desconhecimento face aos sentimentos do outro. De factos somos todos muito diferentes. É preciso saber aceitar as características que nos tornam absolutamente únicos.
As razões que determinam que a segurança ou o perfeccionismo sejam pontos fundamentais para alguns de nós variam de pessoa para pessoa. E, em alguns casos, essas necessidades não são tão facilmente explicáveis como gostaríamos.
Aceitar as pessoas como elas são, com as suas características, as suas qualidades e defeitos, é essencial para que as relações sejam harmoniosas.
Gostarmos dos outros, exige uma grande dose de respeito, vontade e muita compreensão. Aprender a ser tolerante ajuda-nos a gostar melhor.
E se já todos sabemos que a qualidade dos afectos depende da forma como investimos em nós e nos outros, é necessário estarmos permanentemente atentos. Algumas distracções podem ser fatais. Transformar as crises em oportunidades de mudança e de crescimento está nas suas mãos. Experimente. Verá que vai valer a pena.
Lidar com as discrepâncias
Nem sempre se diz ou mostra o que se pensa ou sente. Para perceber isso nos outros, comece por fazer uma auto-análise.
Sabemos mais sobre os outros (e sobre nós próprios) do que julgamos. Há momentos em que ouvimos uma única afirmação sobre um assunto e rapidamente chegamos a uma conclusão. O que queria ele dizer quando me prometeu que telefonaria nos próximos dias? Foi uma promessa a sério ou queria apenas livrar-se de mim? Mas especular não contribui em nada para nos esclarecer.
Conseguimos sentir a verdade se formos bons observadores. Os olhos dele riram-se quando disse que lhe ligava? Ou, pelo contrário, desviou o olhar? Enquanto falava, aproximou-se ou afastou-se ligeiramente de si? E o seu tom de voz tornou-se mais quente ou mais frio? Estes são sinais, quase imperceptíveis, que ficam gravados na nossa memória mesmo sem nos darmos conta. Os nossos sentimentos, mais do que a nossa razão, registam a mais pequena divergência entre o que uma pessoa diz e faz
e, portanto, o que ela sente e pensa. Muitas vezes, existem discrepâncias mínimas entre o que se pensa e o que se diz. Todos nós temos um bom ouvido para detectar essas dissonâncias. Porém, nem sempre ouvimos a nossa voz interior. Acabamos mesmo por ficar surdos. E, no entanto, essa voz reflecte-se no nosso comportamento: sentimo-nos tensos, indispostos, entediados, perturbados ou cansados, sem sabermos porquê. Apenas sentimos que estar naquele sítio, com aquelas pessoas, não nos dá prazer e causa-nos mau estar.
Para nos culparmos ou nos isentarmos da culpa de um bloqueio de comunicação, basta uma simples pergunta: sentimo--nos assim em situações equivalentes? Se a resposta é sim, ficamos a saber que em determinadas circunstâncias não conseguimos mostrar aos outros o que se passa dentro de nós, transformando o nosso desconforto num mau estar desviado.
perquntas para saber se as suas fantenas" funcionam a 100%
Faça este teste e verifique se capta bem os sentimentos dos outros. Estar em sintonia com o resto do mundo é um dom sem preço.
A empatia pode e deve ser estimulada. A identificação e a disponibilidade para se compreender a si e aos outros são fontes de harmonia.
A
empatia é uma característica que nos pode ajudar a fazer uma avaliação mais rápida dos sentimentos. Quando nos preocupamos com os outros, as nossas reacções revelam-no de imediato e estabelece-se uma aproximação rápida. E quanto às "antenas" deles? Estarão em sintonia com as dos outros?
yi Pensa muitas vezes e longamente no l que se passa com os outros. El É verdade.
0 É diferente de caso para caso. B Não. A maior parte das vezes sei logo o que se passa. Eles nem precisam de dizer nada.
2
Travar amizade é, na sua opinião, sempre o melhor método de conhecer as pessoas? El É verdade.
Q Alguma vezes sim, outras não. B Não é verdade.
3
Quando você se engana sobre a atitude de uma pessoa que lhe é próxima... El Medita em primeiro lugar sobre o motivo dessa estranha atitude antes de lhe perguntar directamente. El Tenta acabar a relação o mais depressa possível ou, na melhor das hipóteses, faz outra tentativa. B Fala imediata e directamente sobre o que lhe pareceu esquisito.
a Quando uma amiga tem graves pro-*t blemas sentimentais... a Cancela todos os compromissos para estar com ela o mais depressa possível.
Q Procura animá-la. Telefona-lhe várias vezes ou dá-lhe um presente. B Pergunta-lhe o que pode fazer por ela naquele momento.
5
Quando quer perceber o que está a acontecer com outra pessoa e ela não fala sobre o assunto... El Convida-a a contar o que se está a passar e fá-la compreender que acabará por se sentir melhor. Dl Diz-lhe que ficará magoada se ela não confiar em si.
B Pede-lhe simplesmente que lhe conte tudo sobre ela própria.
Resultados do teste
Pelo menos duas respostas El
Você ocupa-se intensamente da vida interior dos outros. A sua estratégia preferida para compreender o que se passa com eles é interpretação. Sobre alguns pontos de referência constrói histórias plausíveis. As outras pessoas acharão as suas interpretações muitas vezes subjectivas, o que é verdade. Também poderão sentir que revelaram muito da sua intimidade sem que você tenha verbalizado os seus pensamentos. Ocupe-se menos dos sentimentos dos outros e mais dos seus.
Pelo menos duas respostas 0
As suas antenas estão melhor sintonizadas para os sentimentos dos outros do que para os seus. Regista como um sismógrafo todas as vibrações que pairam no ar. Defen-
de-se automaticamente da maré de sentimentos negativos contra os quais está impermeabilizada. Por isso é, por vezes, um pouco ríspida. Não quer deixar-se envolver demasiado pêlos sentimentos dos outros, mas sim perceber melhor os seus próprios sentimentos.
Pelo menos duas respostas B
A empatia não é o seu ponto forte. Por um lado, não so-
brevaloriza as suas capacidades, o que a leva a não con
siderar os outros como livros abertos. Por outro lado, sa
be que os seus próprios sentimentos não a abandonarão,
se, algures, a deslealdade estiver em jogo. E pode sem
pre apoiar-se neles sem se tornar "penetrante" de mais.
Mais ainda: é 100% tolerante com os outros, mesmo que
eles a desiludam. B.S.